Transtornos Psicológicos

Os transtornos podem ser classificados de acordo com seu grau de comprometimento da aprendizagem e podem se manifestar de diferentes formas. Os transtornos podem ser classificados de acordo com seu grau de comprometimento no comportamento e podem se manifestar de diferentes formas.

É importante observar que não se pode diagnosticar uma pessoa com qualquer destes transtornos por apresentar alguns comportamentos isolados. Os sintomas destes transtornos devem ser acompanhados sempre por um psicopedagogo que após entrevista com os pais e atendimento da criança elaborará o diagnostico e intervenção, e/ou o encaminhamento a outros profissionais da área da saúde.

Abaixo, alguns destes transtornos e respectivos comportamentos:

O TDAH encontra-se normalmente associado às dificuldades de aprendizagem. Trata-se de um dos transtornos mentais mais freqüentes nas crianças em idade escolar. Estima-se que 10% das crianças na idade pré-escolar e 4-5% na idade escolar.

Apesar disto, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) continua sendo um dos transtornos menos conhecidos por profissionais da área da educação e mesmo entre os profissionais de saúde. Há ainda muita desinformação sobre esse problema.

O déficit de atenção ocorre com ou sem hiperatividade. Existem também as crianças que são propriamente hiperativas e impulsivas e têm menos problemas de atenção. Mas, fique atento: a metade dos casos de crianças com problemas de atenção apresenta hiperatividade.

Essa criança sempre perde os objetos, é desordenado, tendo que cobrá-lo o tempo todo, não só para que complete as tarefas, mas também porque, distraído, se esquece de que é hora de almoçar, de jantar ou de banhar-se, quando começa fazer alguma coisa, se esquece de terminar, para na metade e também possui extrema dificuldade em sentar e dialogar.

O desconhecimento desse quadro freqüentemente acaba levando à demora no diagnóstico e no tratamento dos portadores do TDAH, os quais acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua situação pode ser (facilmente) tratada.

Quando se fala em TDAH não se refere a crianças que têm energia demais. Elas têm uma doença perfeitamente conhecida pela medicina. O TDAH, não é um problema neuropsiquiátrico que dá apenas nos filhos dos outros. O TDAH não tratado pode ser responsável por enorme frustração dos pais. Uma das angústias experimentadas por eles é que os pacientes diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de “problemáticos”, “desmotivados”, “avoados”, “malcriados”, “indisciplinados”, “irresponsáveis” ou, até mesmo, “pouco inteligentes”. O que não é verdade.

A dificuldade de atenção e concentração é uma característica que pode estar presente desde os primeiros anos de vida do paciente. A criança ou adulto tende a se mostrar “desligada”, tem dificuldade de se organizar e, muitas vezes, comete erros em suas tarefas devido à desatenção. Estas características tendem a ser mais notadas por pessoas que convivem com o paciente.

Constantemente esses pacientes esquecem informações, compromissos, datas, tarefas, etc…; costumam perder ou não se lembrar onde colocaram suas coisas; têm dificuldades para seguir regras, normas e instruções que lhe são dadas; tem aversão a tarefas que requerem muita concentração e atenção, como lições de casa e tarefas escolares.

Alguns sintomas de hiperatividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade. A idade e a forma do surgimento dos sintomas também são importantes, devendo ser investigados, já que no TDAH, a maioria dos sintomas está presente na vida da pessoa há muito tempo, normalmente desde a infância.

Para que se considere um TDAH, os sintomas devem se manifestar em vários ambientes (escola, casa, viagens, etc.).

Sabe-se que as crianças com TDAH têm mais freqüentemente antecedentes de mães que fumavam muito durante a gravidez, ou consumiam álcool, drogas ou outros tóxicos.

Sabe-se também que a hiperatividade melhora com o tempo e que seus sintomas mudam com a idade, mas pode persistir na fase adulta.

E atenção: Como se percebe a Hiperatividade na escola?

  • A criança não fica parada na sala de aula
  • Fala muito com os colegas;
  • Interrompe de maneira imprópria à professora;
  • Iniciativas descontroladas;
  • Tumultua a classe com brincadeiras fora de hora;
  • Apresenta desempenho abaixo do esperado, apesar de possuir inteligência normal ou acima do normal.

Muitas vezes os professores são os primeiros a detectar o problema, já que podem comparar a conduta entre crianças da mesma idade. Quando se suspeita que a criança possa estar sofrendo deste transtorno, deve-se informar imediatamente os responsáveis pela criança para que eles possam tomar providências o quanto antes.

O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência.

A depressão foi considerada a principal doença psiquiátrica do século, afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte (onde são feitas as principais pesquisas). A morbidade da depressão se reflete no fato de que os adultos deprimidos são 20 vezes mais propensos a morrer de acidentes ou de suicídio do que adultos sem transtorno psiquiátrico.

Tanto os quadros de Distimia quanto de Transtorno Afetivo Bipolar, podem surgir pela primeira vez durante a adolescência e o reconhecimento precoce de um estado depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença.

Apesar da tamanha importância da Depressão da Infância e Adolescência em relação à qualidade de vida, ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no ajuste pessoal, esse quadro não tem sido devidamente valorizado por familiares e pediatras e nem adequadamente diagnosticado.

Embora na maioria das crianças a sintomatologia da Depressão seja atípica, alguns podem apresentar sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza, ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou, por outro lado, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas, mal estar geral que não respondem ao tratamento médico habitual.

Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido a falta de habilidade para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a Depressão atípica, notadamente com hiperatividade.

A depressão na criança e/ou adolescente pode ter início com perda de interesse pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes, sair com os amigos, etc, além de apatia, adinamia e redução significativa da atividade. Às vezes pode haver tristeza.

De forma complementar aparece diminuição da atenção e da concentração, perda de confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, idéias de culpa e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da alimentação e, dependendo da gravidade, ideação suicida.

Incidência

O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e da adolescência como um transtorno que pode afetar pessoas desse grupo etário, reivindicada há mais de 30 anos pelo IV Congresso de a União de Pai do psiquiatras Europeus, de 1971 em Estocolmo (Annell, 1972), resultou na elaboração de critérios de diagnóstico para esse quadro, denominando-o de Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência (DSM-IV, 1994).

Os dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência não são unânimes entre os pesquisadores. Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades devam-se às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns casos atípicos, como por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperatividade, etc.

Estudos norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes (Kashani, 1988 apud Weller, 1991). Mas esses números são demasiadamente otimistas.

Há mais de 30 anos, os estudos de Rutter, Tizarde e Whitmore (1970) começaram a aportar uma prevalência da Depressão Infantil em aproximadamente 1% das crianças de 10 anos. Dezesseis anos depois, Rutter (1986) volta a pesquisar e considera que os quadros depressivos são muito mais freqüentes na adolescência do que na infância. Essas suspeitas foram confirmadas mais tarde por Ciccheti, em 1995. Nesse ano Goodyar situa a prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência entre o 1,8% e 8,9%.

Embora seja difícil reunir dados sobre a incidência de Depressão Infantil, em recente artigo Jose Luis Pedreira Massa assinala que, na Espanha, a media de transtornos depressivos também pode situar-se em torno de 9% na população geral infantil menor de 12 anos, sendo algo superior na adolescência.

Sintomas

A Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros sintomas típicos. A diferença entre os momentos nos quais as crianças podem estar tristes ou aborrecidas com quaisquer fatores vivenciais que as molestem e a Depressão verdadeira está, principalmente, no tempo e na motivação para esse sentimento. A Depressão Infantil tem sido cada vez mais observada devido, em parte, à atualização conceitual e atenção médica crescente sobre esta doença.

Apesar da Depressão, tanto no adulto quanto na criança, ter como modelo de diagnóstico a conhecida constelação de sintomas, decorrentes da tríade sofrimento moral, a inibição psíquica global e no estreitamento do campo vivencial, as diferentes características pessoais e as diferentes situações vivenciais entre o adulto e a criança, farão com que os sintomas secundários decorrentes dos sintomas básicos sejam bem diferentes. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa autoestima, no adulto pode se apresentar como um sentimento de culpa e, na criança, como ciúme patológico do irmão mais novo.

Nas crianças e adolescentes é comum a Depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da atividade, queixas inespecíficas, tais como cefaléias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. Na esfera do comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento. As alterações cognitivas da Depressão infantil, principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória interferem sobremaneira no rendimento escolar.

Os sintomas mais freqüentes da Depressão na Infância e Adolescência costumam ser os seguintes: insônia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente.

Hoje em dia a ampliação da constelação sintomática atribuída à depressão infantil tem contribuído, sobremaneira, para a elaboração do diagnóstico e, por causa disso, cada vez mais os distúrbios do comportamento da criança estão sendo relacionados a uma maneira depressiva de viver.

A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Baseando-se nas tabelas para diagnóstico, revistas por José Carlos Martins, podemos compor a seguinte listagem de critérios:

SINAIS E SINTOMAS SUGESTIVOS DE DEPRESSÃO INFANTIL
1- Mudanças de humor significativa
2- Diminuição da atividade e do interesse
3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção
4- Distúrbios do sono
5- Aparecimento de condutas agressivas
6- Auto-depreciação
7- Perda de energia física e mental
8- Queixas somáticas
9- Fobia escolar
10- Perda ou aumento de peso
11- Cansaço matinal
12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
13- Negativismo e Pessimismo
14- Sentimento de rejeição
15- Idéias mórbidas sobre a vida
16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
17- Condutas anti-sociais e destrutivas
18- Ansiedade e hipocondria

Não é obrigatório que a criança depressiva complete todos os itens da lista acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada. Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos, tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da morte e grande ansiedade.

Além disso, tendo em vista a característica atípica da maioria das depressões na infância, alguns autores começam a pensar neste diagnóstico para outras patologias bem definidas, como é o caso do Déficit de Atenção por Hiperatividade, para certos casos de Distúrbios de Conduta (notadamente a rebeldia, oposição e agressividade) e para os Transtorno Fóbico-Ansioso. Supõe-se haver uma íntima relação entre todos esses quadros citados e, principalmente na ansiedade da infância, quer seja como co-morbidade ou como manifestações clínicas atípicas da Depressão Infantil.

Diagnóstico

O Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência se caracteriza por uma sintomatologia afetiva de longa duração e está associado a vários outros sinais e sintomas vistos acima, tais como, insônia, irritabilidade, rebeldia, medo, tiques, mudanças nos hábitos alimentares, problemas na escola, na vida social e familiar.

Alguns outros sintomas podem acompanhar o Transtorno Depressivo na infância e adolescência em idade escolar, tais como, apatia, tristeza, agressividade, choro, hiperatividade, queixas físicas, medo à morte nele próprio ou nos familiares, frustração, desespero, distração, baixa autoestima, recusa em ir à escola, problemas de aprendizagem e perder interesse por atividades que antes gostava.

É tão comum o Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência, a ponto de alguns autores recomendarem que, sempre que a criança manifestar tais alterações por um tempo prolongado, deve-se considerar a possibilidade desse diagnóstico. Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de fato, relacionados com um quadro depressivo ou se são parte das ebulições emocionais normais do desenvolvimento.

E, tendo em mente o fato de ser possível que muitos sintomas incluídos na relação apareçam naturalmente como parte das etapas normais de desenvolvimento da infância e adolescência, para se estabelecer um diagnóstico correto de Depressão na criança é necessário avaliar também sua situação familiar, existencial, seu nível de maturidade emocional e, principalmente, sua autoestima. Além das entrevistas com a criança, é muito importante observar sua conduta segundo informações dos pais, professores e outros colegas médicos ou psicólogos, atribuindo pesos adequados a cada uma dessas informações.

O diagnóstico da Depressão na Infância tem sido feito em bases predominantemente clínicas, muitas vezes usando-se os mesmos critérios usados para a Depressão do adulto, apesar do quadro ser algo diferente nas crianças, tanto quanto mais jovem for o paciente.

Examinando-se a criança, nem sempre encontramos os sintomas claros e francos que descrevem seu estado emocional interno. Um esforço de bom senso e perspicácia deve ser dedicado ao exame clínico, buscando aumentar a possibilidade da criança menor ser compreendida quanto aos seus sentimentos, apesar de tais sentimentos serem de difícil identificação. Em muitos casos, observamos apenas uma maior sensibilidade emocional, choro fácil, inquietação, rebeldia e irritabilidade.

As mudanças de comportamento na criança são de extrema importância, tão mais importante quanto mais súbitas forem. Assim, crianças anteriormente bem adaptadas socialmente, passam a apresentar condutas irritáveis, destrutivas, agressivas, com a violação de regras sociais anteriormente aceitas, oposição à autoridade, preocupações e questionamentos de adultos. Esses comportamentos podem ser decorrentes de alterações depressivas. Quando essas alterações não são graves o suficiente para serem consideradas Episódios Depressivos podemos chamá-las de Disforias.

As Disforias, que são alterações do humor, são encontradas comumente no cotidiano e não têm, obrigatoriamente, uma conotação de doença. Tratam-se de respostas afetivas aos eventos diários, caracterizando-se pela brevidade do quadro emocional sem comprometimento das condutas adaptativas, sociais, escolares e familiares. Na realidade as Disforias seriam apenas momentos de tristeza, angústia e abatimento moral que surgem em decorrência da problemática existencial normal e cotidiana, tais como as correções dos pais, desinteligências com irmãos, aborrecimentos na escola, etc.

A diferenças entre as Disforias e a Depressão seria em relação à evolução benigna das Disforias, o que não acontece quando há importante componente depressivo. A recuperação das vivências traumáticas e estressoras é mais demorada e sempre há algum prejuízo da adaptação. Grosso modo, podemos dizer que as Disforias são mais ou menos fisiológicas na lide com as adversidades diárias, enquanto a Depressão seria uma maneira patológica de reagir à vida.

Os quadros que se apresentam como Fobia Escolar, caracterizada pela evitação da escola, por dores inespecíficas, febre sem causa aparente, e outros sintomas obscuros para fugir das aulas, podem refletir altos índices de ansiedade e depressão. Deve-se avaliar a presença de baixa autoestima, perda de prazer e, muitas vezes, até ideação suicida. Podem ser encontradas também, nesses casos, expectativas negativas e pessimistas da vida mas, como a criança tem grandes dificuldades para expressar esses aspectos vivenciais de sua vida ou de seu mundo, essa investigação tem sido muito difícil.

Os sintomas físicos e somatizados também podem ocorrer na criança depressiva. Cerca de 30% dos pacientes deprimidos apresenta diminuição de apetite e 30% refere aumento, principalmente nas meninas. Insônia inicial (dificuldade para começar a dormir) também esta freqüentemente presente (60%) e, um pouco menos freqüente, a clássica insônia terminal, que é caracterizada pelo despertar muito cedo.

Na fase pré-verbal a criança deprimida pode manifestar o humor rebaixado através de expressões mímicas e do comportamento. A inquietação, o retraimento social, choro freqüente, recusa alimentar, apatia e alterações do sono podem ser indícios de Depressão nesta fase.

Na fase pré-escolar as crianças podem somatizar o transtorno afetivo, o qual se manifestará através de dor abdominal, falta do ganho de peso, retardo no desenvolvimento físico esperado para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração do apetite, hiperatividade e medo inespecíficos.

Dos 2-3 anos até a idade escolar a Depressão Infantil pode se manifestar ainda com quadro de Ansiedade de Separação, onde existe sólida aderência da criança à figura de maior contacto (normalmente a mãe), ou até sinais sugestivos de regressão psicoemocional, como trejeitos mais atrasados da linguagem, encoprese e enurese.

Na fase escolar, o cansaço, a dificuldade de concentração, as alterações da memória, a astenia e adinamia são as complicações da Depressão Infantil que comprometem muito o rendimentos escolar e aprendizagem (veja Dificuldades Escolares). Essa confrontação continuada com o fracasso acaba fazendo com que o nível de autoestima também se comprometa, podendo levar a criança a apresentar desde isolamento social até Transtornos de Conduta (pseudo Transtorno de Conduta, na realidade).

Para essas alterações afetivas possíveis na primeira infância a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou uma série de critérios de observação. Foi um grande passo na descrição das manifestações de transtornos psicológicos nesta faixa etária, dividindo-os em duas categorias:

  1. Reação de Abandono (ou de Dor e Aflição Prolongadas), que é específica das situações onde falta a figura materna ou de um cuidador afetivamente adequado, e
  2. Depressão da Infância Precoce.

A socialização da criança em idade escolar com Depressão Infantil pode estar comprometida e se manifesta através do isolamento social, das dificuldades de relação interpessoal, com sintomas de alteração afetiva (irritabilidade). Na primeira infância, entretanto, se detectam estas alterações quando o lactente é pouco comunicativo, confundido normalmente com um bebê muito bonzinho ou, por outro lado, podem manifestar a depressão com irritabilidade (bebês irritáveis, com tendência a a hiperexcitabilidade), ou ainda, com aversão à estranhos (bebês que estranham demasiado as mínimas mudanças em seu entorno).

O bebê afetivamente sensível pode ter dificuldades em relação ao apego. O apego é um impulso primário como parte de um processo de seleção natural, portanto, inato. Existem importantes diferenças individuais no estabelecimento das condutas de apego e na elaboração dos vínculos. O apego é uma resposta de busca de proteção necessária à sobrevivência da espécie.

A afetividade normal se relaciona com um apego seguro, desde a lactância até três anos e meio mas, certos padrões inseguros de apego podem ocorrer quando existe alguma tendência depressiva. O padrão de apego desenvolvido desde tenra idade será uma das molas mestras para futuros sentimentos de conforto e segurança determinados pelas relações posteriores.

Quando os lactentes são separados bruscamente de sua figura de apego, como é o caso de uma hospitalização precoce, ou mesmo um abandono, suas reações tendem a seguir um padrão semelhante ao processo de luto do adulto. Assim, em uma primeira fase, o lactente bruscamente separado pode manifestar ira e desespero.

Na segunda fase dessa separação a criança tende a ficar apática, quase imóvel. É a fase de desapego ou indiferença. Nessa etapa a criança não manifesta mais emoções diante do reencontro com a figura com a qual antes era apegado. Essa experiência de perda não se  relaciona com as necessidades de alimento, mas de calor, carinho ou contacto.

Dois fatores têm especial significado para estabelecer as características da separação: o temperamento da criança e as características pessoais da figura materna. Quanto mais sensível afetivamente for a criança, maiores os prejuízos futuros que a separação ou abandono proporcionarão. Veja abaixo a sucessão de acontecimentos de Dor e Aflição que podem ocorrer durante a separação ou abandono.

1. Reação de Dor e Aflição Prolongadas:

Este estado pode se manifestar por qualquer etapa da seqüência: protesto, desespero e desinteresse.

  1. A criança chora, chama e busca ao progenitor ausente, recusando quaisquer tentativas de consolo por outras pessoas.
  2. Retraimento emocional que se manifesta por letargia, expressão facial de tristeza e falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade.
  3. Desorganização dos horários de comer e dormir.
  4. Regressão ou perda de hábitos já adquiridos, como por exemplo, fazer xixi e/ou coco na roupa (ou cama) falar como se fosse mais novo.
  5. Desinteresse paradoxal, que se manifesta por indiferença às recordações da figura cuidadora (fotografia ou menção do nome), ou mesmo uma espécie de “ouvido seletivo”, que parece não reconhecer essas pessoas.
  6. Como comportamento alternativo, a criança pode mostrar-se exatamente ao contrário das características acima; torna-se extremamente sensível a qualquer recordação do(a) cuidador(a), apresentando mal estar agudo diante de qualquer estímulo que lembre da pessoa.

Luto da Criança

Para entender o impacto que causa na criança a perda por morte de uma figura de forte apego afetivo (mãe, pai, irmãos), é preciso entender a teoria do apego, inicialmente pesquisada por Bowlby.

Segundo maravilhoso trabalho de Cecília Casali Oliveira, existem 3 fases do luto, assim caracterizadas:

Busca ou protesto – o intenso desejo de recuperação da pessoa amada e perdida, que leva a comportamentos de busca inócua, produz uma forte reação de protesto pela impossibilidade de se alcançar o objetivo desejado.

Desespero e desorganização – o conflito permanente entre o desejo e sua frustração, leva ao desespero, pois não se abdica do vínculo estabelecido com facilidade e sem sofrimento. O pensamento, constantemente concentrado nessa tarefa, deixa pouca possibilidade para dedicar-se a outras atividades, revelando o quanto é importante o trabalho de busca de uma resolução para o conflito; o mundo parece estar fora de contexto para o enlutado, tanto quanto este parece estar fora de contexto para o mundo.

Recuperação e restituição – o conflito pode ser solucionado a partir de uma nova construção do vínculo com o falecido, o que preserva a relação em um outro patamar; o sofrimento diminui gradualmente, permitindo um retorno da atenção para o mundo e trazendo a possibilidade do estabelecimento de novas relações.”

Ainda de acordo com Cecília Casali Oliveira, “Stroebe, Stroebe e Hansson (1993) apresentam um levantamento das respostas emocionais esperadas no processo normal de enlutamento. Acrescentam que, em casos de luto complicado, esses aspectos podem apresentar-se com intensidade ou duração alteradas, apontando para a impossibilidade de se caminhar dentro do processo esperado e constituindo-se um indicativo da não resolução do luto.

1) Choque, entorpecimento e dificuldade de acreditar na realidade;

2) Pesar e tristeza, acompanhados por dor mental e sofrimento, com choro e lamentação;

3) Senso de perda devido ao reconhecimento da ausência e da impossibilidade de recuperação;

4) Raiva é comum e pode se voltar contra a pessoa falecida, familiares, médicos, amigos e mesmo contra o próprio ego;

5) Culpa e arrependimento, que aparecem sob as formas: culpa por sobreviver, pela responsabilidade da morte ou pelo sofrimento que ela trouxe e, ainda, pela deslealdade do falecido;

6) Ansiedade e receios que aparecem sob a forma de insegurança, medos ou crises de angústia;

7) Imagens repetitivas da pessoa falecida próxima da morte, da doença, com caráter intrusivo e fora de controle;

8) Desorganização mental apresentando graus variados de distração, confusão, esquecimento ou falta de coerência;

9) Sobrecarga de tarefas e dificuldades para sua realização, que trazem a sensação de estar perdendo o controle, de desamparo e de sentir-se incapaz de enfrentar a realidade;

10) Alívio, especialmente após doença longa e sofrida, pelo término do sofrimento;

11) Solidão, que se expressa como sentir-se só mesmo quando em grupo e com picos de sentimentos intensos de isolamento;

12) Sentimentos positivos também aparecem, a intervalos, em meio ao pesar.”

2. Depressão da Infância Precoce:

  1. Estado de ânimo deprimido ou irritável
  2. Interesse e prazer diminuídos nas atividades apropriadas para seu desenvolvimento,
  3. Capacidade reduzida para protestar,
  4. Repertório diminuído de interações sociais e de iniciativas.
  5. Perturbações no sono e/ou na alimentação,
  6. Perda de peso.
  7. Sintomas presentes durante um período de pelo menos duas semanas

Em crianças no final da 2a infância (dos 6 aos 12 anos), podemos encontrar quadros de base depressiva mais típicas, mas nem sempre. Quando a depressão é muito grave, o que felizmente não é tão comum, sintomas francamente psicóticos também podem aparecer, tais como idéias delirantes, alucinações, e severo prejuízo das atividades sócio-familiares, incluindo a escola. As idéias suicidas também não são raras, embora dificilmente antes dos 10 anos de idade.

Dentro da Depressão Infantil atípica, a mais comum, podemos ainda encontrar crianças erroneamente tomadas por delinqüentes e, não raro, crianças que chegam de fato ao suicídio. Tendo em vista a elevada incidência da Depressão Infantil registrada por inúmeros autores, será lícito e sensato pensar sempre na possibilidade depressiva diante de qualquer criança problemática.

Suicídio

No adolescente a relação depressão-suícidio é bastante significativa. A grande maioria dos adolescentes suicidas (94%) apresenta problemas psiquiátricos, sendo a Depressão o mais importante deles (51%). O suicídio de adolescentes é, atualmente, o responsável mais importante que doenças cardiovasculares ou o câncer pelas mortes de jovens de 15 a 19 anos .

Em nosso meio, Friedrich (1989) observa a ocorrência de alterações emocionais merecedoras de tratamento médico em dois terços da população estudada, e sem relações diretas com nível intelectual e sócio-cultural dos pacientes. Concomitantemente, refere que a tentativa familiar de negar o fato como o principal responsável pelas dificuldades de atendimento do paciente em questão. Assim, reforça-se mais uma vez a necessidade de um diagnóstico fidedigno da depressão na criança e no adolescente.

A taxa do suicídio para adolescentes aumentou mais do que 200% na última década. Os estudos recentes mostram que mais de 20% dos adolescentes na população geral tenha problemas emocionais e um terço dos adolescentes que procuram clínicas psiquiátricas sofrem de depressão. A grande maioria das depressões em adolescentes pode ser muito bem controlada ambulatorialmente e com a sustentação da família com muito sucesso .

Os atos suicidas geralmente estão associados com uma crise depressiva aguda e significativa na vida do adolescente. É importante reforçar que a crise pode parecer insignificante aos adultos ao redor, mas é sempre muito significativa ao adolescente. A perda de um namoro, de uma nota na escola ou a constatação de uma crítica pejorativa adulto significativo, especialmente o pai ou um professor, pode precipitar um ato suicida no paciente depressivo.

Como lidar com o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD)?

Por acaso vocês já notaram que algumas crianças são persistentemente rebeldes, desobedientes e costumam responder a qualquer advertência feita pelos adultos? Em situações de contrariedade, elas demonstram explosões de fúria, grande hostilidade e até mesmo sentimento de vingança? Muitos pais e mães convivem com filhos que manifestam esses sinais. No começo é comum que isso seja confundido com um simples caso de desobediência.

No entanto, esses casos pedem muito mais atenção e cautela, pois o acompanhamento com um especialista faz-se necessário frente ao progresso dessas reações ao longo do desenvolvimento da criança. O motivo desse alerta deve-se ao Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD).

O comportamento de uma criança pode demonstrar muita coisa. Não são poucos os casos de crianças que são conhecidas pela desobediência constante, pelo jeito ríspido de tratar outras pessoas, por algo que denote uma falta de educação na interação social. Embora a maioria encare esses episódios como algo relacionado à criação, a verdade é que boa parte desses casos pode estar ligado também ao Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).

TOD é coisa séria

Podemos considerar que o TOD é uma condição em que uma das consequências é o impacto no aspecto comportamental da criança. Isso acontece porque o pequeno começa a conviver com um grande sentimento de irritabilidade. Vale ressaltar também que o pequeno pode ter momentos em que a indisciplina causa desgaste não só em si mesmo, mas em toda a sua família.

Todo mundo já teve um coleguinha de turma, um vizinho ou parente que era impossível ficar perto por conta do jeito explosivo ou irredutível. O problema é que muitos pais e professores só passaram a ter acesso à informação da existência do TOD há pouco tempo. Antes da conscientização, tudo estava resumido a uma simples questão de repressão. A situação requer mais atenção.

Sendo assim, o dia a dia com uma pessoa que apresenta as características presentes no TOD necessita de muita cautela e paciência por parte de seus familiares e amigos. O tratamento é fundamental para efeitos mais brandos

Afinal, o que é TOD?

O Transtorno Opositivo Desafiador é uma condição responsável por comportamentos que são completamente restritivos em ambientes sociais. As crianças e os adolescentes incluídas nesse quadro costumam manifestar momentos de raiva, insubordinação, teimosia constante, hostilidade, sentimento de vingança e uma grande dificuldade em obedecer a regras quando solicitadas.

Ao longo da infância e da adolescência, a pessoa passa por momentos bastante delicados na vida escolar, familiar e em qualquer espaço coletivo por conta de aspectos comportamentais.  A presença de indivíduos com TOD em fase escolar pode levar a muitas ocorrências dentro da instituição, além de desarranjos intensos no relacionamento aluno-professor. No ambiente família, este jovem causará desunião, sensação de desprezo pelos demais, má adaptação aos conselhos e pouco engajamento para atividades de interesse coletivo.

A incidência dessas atitudes faz com que, muitas vezes, essa criança ou adolescente seja até evitada por um grupo de pessoas, sendo delegada ao isolamento. Mas sabiam que isso pode ser trabalhado? Existe tratamento para que pais, professores e todas as pessoas possam conviver de forma harmoniosa com as crianças e adolescentes com TOD.

Como lidar com o Transtorno Opositivo Desafiador?

A primeira coisa a ser feita é procurar acompanhamento especializado, sobretudo neurologistas, psiquiatras ou psicólogos. Sem o auxílio profissional, qualquer iniciativa pode ser em vão.

– Bom, antes de pensar em como diminuir as reações da criança com o Transtorno Opositivo-Desafiador é preciso estar atento a alguns comportamentos que vocês adultos adotam no cotidiano. Sabiam que um lar onde os pais costumam se tratar de forma hostil pode impactar na forma com a qual os filhos se comportam? Portanto, a primeira dica é que você e seu cônjuge evitem, ao máximo, agressões físicas e verbais. Lembre-se que a criança vai se basear na maneira que as pessoas se relacionam no ambiente doméstico.

– Quando o pequeno fizer alguma coisa boa, tente mostrar que aquela atitude é correta e deixa todos felizes, além de torná-lo uma pessoa mais querida. Esse estímulo fortalece a autoestima.

– A participação da criança em atividades esportivas é fundamental para que ela aprenda a ter mais disciplina. Outro benefício que seus filhos podem adquirir é a percepção do trabalho em equipe, muito influenciado pelo dinamismo presente em tais práticas. Eis aí uma excelente maneira de induzir o pequeno em tarefas que podem auxiliá-lo na interação social.

– Escolha sempre o caminho do diálogo, todos têm muito a ganhar com isso.

Vamos às formas de lidar com crianças que convivem com TOD:

– Procure falar a mesma língua da criança e, em princípio, tente concordar com aquilo que está relacionado às regras e ao cumprimento das rotinas diárias;

– Muitos pais contam com o auxílio de profissionais, como babás, na condução de seus filhos. A presença desse pessoal é de extrema importância. No entanto, é imprescindível que pais e mães não deleguem toda a criação para as babás. A presença dos progenitores deve considerável em momentos da vida da criança;

– Falar de forma clara e objetiva ao dar ordens. Isso impede que o pequeno ganhe espaço para rebater as orientações dadas. Fale de forma a convencer antes de qualquer contra-argumento e assuma a postura de quem realmente manda;

– Elogie o que a criança faz de bom e não se esqueça de ressaltar mais seus acertos em vez de apontar de maneira reiterada os seus erros;

– É válido ressaltar que conviver e conhecer as preferências, gostos e momentos gostosos junto da criança são excelentes para auxiliar na interação e aumenta o vínculo afetivo. Este, por sua vez, tem o poder de induzir a uma adesão, um engajamento desta criança a cumprir regras e rotinas pré-definidas pelo cuidador, pois ela tende a se sentir recompensada;

Como é o tratamento?

O Transtorno Opositivo-Desafiador necessita de acompanhamento profissional para que suas características sejam diminuídas e desapareçam. No entanto, é preciso dizer que quanto antes for descoberto, mais fácil será o controle da situação.

Caso a criança chegue à adolescência, o TOD pode evoluir para distúrbios que tornarão a situação ainda mais séria, como o surgimento do Transtorno de Conduta, por exemplo. Além disso, o abuso de álcool e outras drogas pode se intensificar. Há pacientes diagnosticados com TOD que também convivem com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

As intervenções se pautam em psicoterapia infantil. O especialista vai analisar também o ambiente familiar em que a criança vive e qual a relação social que ela demonstra em situações que requerem sua participação em determinados meios.  A terapia para a família também não está descartada.

Vale dizer que a psicoterapia visa trabalhar aquelas situações em que a criança precisa lidar com alguma frustração (onde surgem os momentos de raiva e outros traços já mencionados anteriormente). A orientação dada aos pais tem o objetivo de ajudá-los no comportamento e nos métodos a serem aplicados dentro de casa.

O Transtorno Opositor Desafiador tem cura?

Se não for devidamente tratado, o transtorno de oposição desafiante pode evoluir para outros distúrbios, como o transtorno de conduta e o transtorno de personalidade antissocial.

Na adolescência, o TOD pode aumentar o risco de transtorno de ansiedade, abuso de álcool, uso de drogas e delinquência.

Quanto mais cedo o tratamento do transtorno opositivo desafiador tiver início, maiores são as chances de recuperação e de prevenir que o distúrbio evolua para quadros mais graves.

O tratamento deve abordar diversos métodos, levando em consideração sobretudo os ambientes sociais e familiares em estão inseridos as crianças. Além da psicoterapia infantil, também fazem parte do tratamento a terapia familiar e a orientação aos pais.

Quando a criança apresenta outros transtornos associados, como ansiedade, TDAH, o uso de medicamentos pode ser necessário.

Primeiramente para os pais, a terapia familiar e as orientações do psicólogo ajudam a elaborar melhores métodos de disciplina e com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas do transtorno de oposição desafiador.

Através da psicoterapia, a criança ou o adolescente aprende a controlar as emoções, sobretudo a raiva, lidar com as frustrações e relacionar-se socialmente.

Diferença entre Medo Normal e Patológico

Todos nós temos algum grau de ansiedade ou timidez e, quando se manifestam, normalmente são acompanhadas por uma indefinida sensação de mal-estar. Mas é benéfico experimentar ansiedade em certas circunstâncias e, de certa forma, a ansiedade normal até favorece a adaptação do ser humano a novas situações.

O medo ou ansiedade normal provocado pela necessidade de fazer uma palestra, de dar uma aula, de submeter-se à entrevista para emprego, etc., faz com que a pessoa fique mais alerta, mais preparada e, portanto, mais apta ao sucesso. Para o fóbico, entretanto, a ansiedade é patológica e não dá bons resultados. Ao contrário, ela compromete o sucesso, paralisa, descompensa e faz perder o controle. Nos casos de Fobia, há uma resposta ansiosa inadequada a determinado estímulo que, nas pessoas normais, determinaria uma resposta ansiosa mais adequada. Assim sendo, a Fobia nada mais é do que uma reação ansiosa exagerada, a qual faria com que o Sistema Nervoso Central tome por situações de risco, estímulos banais e inofensivos do dia-a-dia. Hoje, diante de quadros que faz a pessoa sentir palpitações, suaor e até perder os movimentos diante de determinado objeto ou situação são sinais facilmente diagnosticados como Fobia. Muitas vezes, a Fobia aparece junto com quadros graves de Depressão (em torno de 50% dos casos) e de Síndrome do Pânico (60%), ou leva à dependência de álcool (20%).

O distúrbio do medo patológico pode se apresentar como Fobia Específica, quando o pavor tem um objetivo certo, como por exemplo, medo de animais, de escuridão, de água, altura, etc. Pode ainda se apresentar como Fobia Social, na qual o horror é de sentir-se objeto de observação e avaliação pelo outros como, por exemplo, falar em público, escrever diante da observação dos outros, comer em público, etc. Pode também surgir sob a forma de Ataques de Pânico, onde o paciente passa a ser acometido, de uma hora para outra, de sintomas físicos terríveis, sem que saiba identificar exatamente o que o ameaça. Alguns cálculos atuais mostram que em torno de 25% da população teve, tem ou terá, em algum momento da vida, um episódio de Fobia. No Brasil, como de praxe, não há números nacionais a respeito do assunto. Hoje em dia aceita-se, com um pouco de incerteza, que esse distúrbio atinge duas vezes mais mulheres que homens. O medo, mais precisamente, o medo patológico e que limita de alguma forma a vida das pessoas, vem aparecendo com frequência cada vez maior em consultórios psiquiátricos e clínicas psicológicas.

Esse medo patológico se diferencia do medo normal por várias razões:

Não ter razão objetiva;

Não tem base na realidade concreta;

O próprio paciente sabe ser absurdo o que sente;

Provoca uma aflição (ansiedade) desmedida que é acompanhada de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, etc)

A boa notícia é que, ao contrário de antigamente, quando o fóbico ia progressivamente se retraindo e se isolando cada vez mais, hoje em dia um grande contingente de doentes se vê estimulado a procurar ajuda especializada. Essa diferença de postura deve-se, sem dúvida, aos avanços dos novos medicamentos e à eficácia dos tratamento.  Os quadros de Fobias e de Pânico estão relacionados aos quadros de ansiedade patológica, de angústia e, principalmente, de depressão, neste caso, de Depressão Atípica. Em suas manifestações mais agudas, tanto as Fobias quanto o Pânico são altamente limitantes e quase sempre expõem os pacientes a todo tipo de vexames. O medo de elevador pode fazer com que uma pessoa simplesmente se recuse a trabalhar ou morar em edifícios, o de avião impede passeios (de toda família). Além da sensação de medo, propriamente dita, que aparece durante a circunstância que dá a fobia, a ainda o medo antecipatório, como por exemplo, fazendo a pessoa suar frio só de pensar em se sentar à direção de um carro. Na Fobia Social, por exemplo, faz com que a pessoa seja incapaz de conversar com o chefe, de trocar opiniões com os colegas de trabalho ou expor suas ideias numa reunião. O Pânico costuma ser mais incapacitante ainda. Profissionais podem até interromper sua carreira por causa do problema. No Pânico, de repente a pessoa começa a tremer, é tomada pela tontura, a pressão arterial dispara, o coração bate descompassado. Os sintomas são parecidos com os de um infarto, e, nesse instante, a morte ou a loucura iminentes parecem certas. Depois da primeira crise, o paciente costuma submeter-se a uma batelada de exames clínicos, o médico verifica que não há nada de errado e, mesmo assim, as crises continuam. Um dos piores aspectos do Pânico é o “medo de ter medo”. Apavorada com a ideia de voltar a sentir os sintomas, a pessoa passa a fugir dos ambientes em que os ataques ocorreram, como se tal atitude pudesse evitá-los. É por essa razão que tantas vítimas acabam se trancando em casa. Além das crises características de Pânico, outros sintomas podem aparecer, como por exemplo o medo de engasgar com um simples grão de feijão, medo de qualquer comprimido, sensação de se afogar no chuveiro, etc. Há cerca de um século começaram as primeiras investigações sobre a origem dessas desordens emocionais que atingem milhões de pessoas em todo o mundo. Um ramo da pesquisa, que se utiliza do modelo biopsicológico, derivado da psicologia comportamental, vêm encontrando grande ressonância entre os médicos e terapeutas que lidam com esse assunto. De acordo com esse ponto de vista, o medo patológico é apenas a expressão de uma angústia mais profunda, e não deve ser considerado uma doença em si

Outro ramo da pesquisa, com visão mais neurológica e orgânica, tenta delimitar as áreas do cérebro responsáveis pelo medo patológico, bem como os elementos cerebrais (neurotransmissores e neuroreceptores) relacionados por ele. Por causa desse tronco da pesquisa científica foram encontradas várias substâncias reconhecidamente eficientes no tratamento do Pânico, da Fobia e da Depressão. Do ponto de vista neuropsiquiátrico, sabe-se hoje que as amígdalas, que são estruturas cerebrais localizadas na região das têmporas e têm a função de identificar situações de perigo, enviam ao hipotálamo, local de controle global do sistema endócrino, o sinal para que certas reações sejam deflagradas, como por exemplo, a reação de estresse. Essas amígdalas reconhecem uma ameaça porque são alimentadas pelo Sistema Límbico, a parte do cérebro que constitui uma espécie de banco de memória das ameaças à pessoa, portanto, de memória do medo. No sistema límbico estão armazenadas as informações que remetem a temores de nossos ancestrais, como os de animais ferozes, do fogo ou escuridão. Além disso, o Sistema Límbico registra dados que se referem a experiências em que o medo foi adquirido por aprendizado ou por trauma. De acordo com pesquisas recentes, os fóbicos apresentariam uma hiperatividade nessa região do cérebro.

Os pesquisadores agora se empenham na descoberta de que esse sistema todo seria regulado por duas substâncias chamadas de neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina. São essas mesmas duas substâncias que se relacionam ao humor e às sensações de prazer e bem-estar. A história dos antidepressivos, usados também para combater Fobias e Pânico, está intimamente ligada aos avanços nessa direção. No início, as esperanças depositavam-se sobre medicamentos como Anafranil® e Tofranil®, ambos antidepressivos e que agem sobre a química cerebral como um todo, sem especificidade. A constatação de que a serotonina tinha um papel preponderante nesse processo, propiciou a criação de medicamentos que atuam especificamente sobre esse neurotransmissor. Foi assim que se chegou ao Prozac® e o Zoloft®, os quais interferem especificamente no neurotransmissor serotonina. Depois desses medicamentos, outros da mesma linhagem foram sendo desenvolvidos, como o Aropax®, Luvox®, Serzone®, Efexor®, e assim por diante. Depois de alguns anos acompanhando casos e mais casos de Fobias e Pânico, pode-se afirmar hoje, com certeza, que esses medicamentos são indispensáveis, porém insuficientes para a cura do problema. Já se constatou que o tratamento medicamentoso é muito mais eficaz quando associados a psicoterapia e vice-versa. Isoladamente, tanto os medicamentos quanto a psicoterapia, servem mais para controlar a intensidade dos sintomas – o que, sem dúvida, faz uma enorme diferença para os que sofrem desses problemas, mas a resolução definitiva fica muito mais próxima com os dois tipos de tratamento conjuntamente.

A Personalidade do Fóbico

Recentemente pode-se suspeitar que os fóbicos, de maneira geral, tendem a apresentar alguns traços de personalidade em comum. Normalmente, são pessoas que tiveram uma educação rígida, estimuladora da ordem, da consequência e do compromisso. Normalmente são pessoas excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinados. Com essas características os portadores de fobia costumam ter alto senso de responsabilidade, bom desempenho profissional e avidez pelos desafios da vida social. Mas a origem da fobia ainda é misteriosa, concorrendo para tal, desde a herança genética dos traços ansiosos da personalidade, até a aprendizagem das reações diante do perigo, passando pelas alterações dos neurotransmissores. Geneticamente já se sabe que os filhos de pais fóbicos têm 15% de possibilidade de perpetuar o comportamento na idade adulta. A medicina sabe também que, entre as pessoas com traços de timidez na personalidade, 2% vai desenvolver Fobia Social no decorrer da vida.

Fobia de Lugares Abertos

Resumindo, a Fobia Social faz com que a pessoa sofra ataques de Pânico cada vez que põe os pés para fora de casa. Inicialmente esse transtorno ansioso começa com uma estranha sensação ao atravessar uma rua, por exemplo, ou ao participar de uma reunião de trabalho ou coisa assim. A sensação pode ser de uma súbita tontura, uma forte pressão no peito e um pavor irracional de cair no chão. Algumas pessoas começam com uma crise leigamente (e erradamente) tida como labirintite. Esse pode ser o primeiro sinal de que algo está fora de controle e, logo os episódios se tornaram frequentes. O mal-estar volta a aparecer quando a pessoa se sente em situação de tensão, como em supermercados, no trânsito, no banco, no ônibus, avião, etc. Sair de casa se torna um sacrifício Na psiquiatria, esse medo relacionado a espaços abertos chama-se Agorafobia, um transtorno que 25% da população está sujeita a sofrer, pelo menos uma vez na vida. Então, só para esclarecer, entre essas manifestações da ansiedade patológica tem as chamadas Fobias Específicas, como o nome diz, específicas de determinadas situações ou objetos (barata, seringa de injeção, elevador, altura) e tem a Fobia Social, que acaba por fazer com que a pessoa tenha verdadeiro pavor de gente e as tarefas sociais banais, como assinar um documento ou comer na frente dos outros, transformam-se num tormento.

Fobia Social

A Fobia Social é o medo patológico de comer, beber, escrever, telefonar, enfim, de agir diante dos outros com risco de parecer ridículo ou inadequado. Em casos extremos, pode resultar em total isolamento. A principal característica dos fóbicos sociais é a ansiedade antecipatória, mal estar que aparece só de pensar na necessidade de falar numa reunião marcada para daqui a três semanas, de receber uma visita, de ter que ir a um casamento ou coisa assim. Uma das queixas mais ouvidas na Fobia Social é do tipo: “é só eu sair de casa que as pernas tremem, as mãos suavam, sinto palpitações, falta de ar e sensação de que vou ter alguma coisa”. E o quadro se mantém na rua, no ônibus, dentro da sala de aula, no supermercado, no banco, etc. O fóbico começa a sofrer desde a hora em que recebe a notícia de seu compromisso e os sintomas crescem como uma bola de neve quanto mais vai se aproximando o momento da provação. Na hora H a pessoa começa a prestar muita atenção no seu desempenho, começa a se preocupar demais com o que os outros estarão pensando e, num círculo vicioso, as coisas tenderão a fugir completamente de controle.

No controle das Fobias, aliar terapia comportamental ao uso de antidepressivos parece ser a chave do sucesso. Na terapia, o paciente aprende a enfrentar situações aterrorizantes, para ele, com mais segurança e a otimismo. Sob o efeito dos remédios, consegue impedir que sintomas físicos, tão desagradáveis, como suar demais ou uma súbita vontade de ir ao banheiro, fujam do controle. Isso acaba por devolver ao paciente a autoestima necessária para sentir segurança naquilo que faz ou fará. Hoje em dia tem se considerado como ideal de tratamento, a terapia comportamental ou cognitiva individual, associada a antidepressivos. Este tipo de medicamento regulará a serotonina, responsável pelas sensações de bem-estar, e inibirá os sintomas do Pânico.

Fobia ou Medo de Barata?

As pessoas costumam dizer que têm fobia de barata mas, na realidade, muitas vezes sentem apenas medo (ou asco) do animalzinho. Para ser Fobia, esse sentimento deve ser, primeiro, muito desproporcional e absurdo, segundo, a pessoa tem que apresentar os chamados sintomas autossômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.) diante da barata. Normalmente o que se vê, são pessoas que fazem um certo escândalo mas, não havendo plateia, pegam um chinelo e esmagam o inseto. O fóbico não. Ele simplesmente não dorme enquanto não tiver certeza absoluta que o quarto está livre de baratas. Ele passa mal.

Fobia ou Medo de Dirigir?

Para quem dirige, normalmente sentar-se no banco do carro, dar partida, engatar a marcha e sair com o carro são ações tão naturais e automáticas quanto escovar os dentes ou levar um copo à boca. Entretanto, para muitas pessoas, a simples idéia de guiar um carro pode causar verdadeiro pânico. Algumas pessoas desenvolvem Fobia do volante, mesmo depois de algum tempo de direção normal. Essas pessoas se sentem incomodadas só de imaginar que poderão cometer alguma barbeiragem, prejudicar o trânsito e, em seguida, alguém poderá buzinar agravando ainda mais o nervosismo. Quando esse medo é intransponível e, caso a pessoa insista em dirigir apesar do medo, é seguido de sintomas autossômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.), estamos falando de Fobia, propriamente dita. Quando a pessoa não passa mal mas, apesar disso, evita a todo custo dirigir, então é apenas medo de dirigir. O medo de dirigir, quando aparece depois de algum tempo depois da pessoa já ter dirigido normalmente, reflete sempre uma grande insegurança, e esta, por sua vez, seria consequência de uma baixa autoestima a qual, finalmente, refletiria um estado depressivo. É por isso que o tratamento de escolha para o medo de dirigir é com antidepressivos associados à psicoterapia.

Fobia ou Medo de Avião?

O medo de avião não é exclusividade de quem nunca viajou. Ele afeta, indiscriminadamente, passageiros novatos e veteranos. É um Pânico muitas vezes inexplicável, que se manifesta das mais diferentes formas.

Em algumas pessoas, as mãos suam e gelam antes mesmo de o avião começar a se mover. Outras pessoas sentem palpitações, tonturas e náuseas. Há casos de gente que tem insônia na véspera da viagem, que se caracteriza como ansiedade antecipatória. Algumas dessas pessoas com medo de avião, simplesmente deixam de voar, outras, curiosamente, desenvolvem um impressionante repertório de superstições para alívio da ansiedade quanto têm mesmo de viajar. Há quem viaje somente na primeira fileira para sair mais rápido em caso de pouso forçado. Outros carregam santinhos, costumam se benzer ou fazer “simpatias”, só embarcam com o pé direito ou evitam ir ao banheiro para não “desequilibrar” a aeronave. Para quem tem medo de avião, não adianta explicar que apenas um entre milhões de vôo acabará em desastre, o fóbico sempre viverá na expectativa de que o vôo fatídico será justamente o dele. Há dois tipos principais de medo de avião. Um deles diz respeito ao pavor de um acidente aéreo, medo da catástrofe. Outro tipo representa o medo de passar mal no avião e não poder ser atendido, não pode mandar o avião parar para descer. Esse último está mais relacionado às síndromes ansiosas, do tipo Pânico ou Fobia. No primeiro caso, no medo de acidente aéreo, o tratamento de escolha é predominantemente psicoterápico e, de preferência, com a chamada terapia cognitiva. No medo de passar mal no avião e não ser atendido “a tempo”, usa-se com sucesso o tratamento antidepressivo.

O Medo da Criança

O universo infantil é repleto de monstros e fantasmas, e há uma série de situações em que eles aparecem para amedrontar a criança. Normalmente esses bichos imaginários despertam o medo na criança durante a noite, outras vezes no meio de uma brincadeira, na piscina ou no carrossel. Como as fantasias e esses medos são praticamente normais nas crianças, os pais devem procurar ajuda no caso do medo começar a provocar alterações na rotina, na atividade social, escolar ou na personalidade da criança. Calcula-se que, no máximo, 5% das crianças que têm pesadelos ou manifestações constantes de medo necessitam de algum tipo de tratamento. A maioria das crianças, quando acometida por crises de medo noturno, corre para o quarto dos pais no meio da noite. Algumas, portadoras de um medo mais intenso e constante, juntamente com sensação de insegurança, nem se atrevem a começar dormir sozinhas. Antes de qualquer coisa, já começam as noites no quarto dos pais. Alguma parte desse medo pode ser atribuída ao comportamento dos pais. Quando a mãe tem pavor de barata e faz um escândalo quando se depara com esses animais, ou quando o pai manifesta sólida convicção nas coisas do além, será muito provável que o filho faça o mesmo.

Fobia de Assalto em Crianças

Tem sido relativamente comum, hoje em dia, crianças com menos de 10 anos sofrendo de Fobia de assalto. Depois da experiência, cada vez mais comum, de ter vivenciado algum assalto ou de ficar sabendo de alguma ocorrência desse tipo em alguém mais próximo, a criança vai ficando cada vez mais com medo, a ponto de sofrer exageradamente. Nas classificações de transtornos emocionais esse quadro pode ser denominado Transtorno por Estresse Pós-Traumático mas, por razões didáticas, o conceito de fobia pode ser muito bem aplicado aqui. O comportamento dessas crianças começa a mudar. Começam a ter medo de ir para algum cômodo vazio ou escuro da casa, ficam apavorados de sair na rua, aderem insistentemente à mãe ou ao pai, pedem para dormir no quarto dos pais. Posteriormente passam a acordar sobressaltados no meio da noite. Em seguida, a criança com fobia de assaltos pode deixar de querer ir à escola e de sair para brincar com outras crianças. Manifestam preocupação exagerada pelos pais e irmão e sentem muito medo de que alguém da minha família morra ou seja assaltado.

– Devemos ter em mente a seguinte sequência de ocorrências emocionais:

Sintoma:Sinal de:
MedoAnsiedade
AnsiedadeInsegurança
InsegurançaAutoestima baixa
Autoestima baixaDepressão

Qual o principal motivo que leva uma pessoa a ter transtorno de ansiedade? Quais são os sintomas que levam a esse diagnóstico?

Na última década, houve avanço no entendimento dos papeis dos fatores genéticos neurobiológicos e ambientais para o desenvolvimento de quadros patológicos de ansiedade. Situação de pressão, estresse ou trauma acontecem ao longo da vida de qualquer pessoa, no entanto nem todo mundo desenvolve um Transtorno de Ansiedade. Em muitos casos, os genes podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de um Transtorno de Ansiedade. Certas variações genéticas podem predispor   uma pessoa a ansiedade. Entretanto, tal predisposição pode não se manifestar até ser desperta por intensa situação estressante ou traumática. Assim, a manifestação do transtorno de ansiedade pode depender de uma interação entre genes e ambiente.

Além disso, pesquisas realizadas com famílias demonstram que filhos de adultos com Transtornos de ansiedade tem um risco aumentado de também apresentar um Transtorno de Ansiedade. De fato, como consenso atual sobre a genética dos transtornos de Ansiedade, sugere-se que o que é herdado e uma predisposição geral para a ansiedade.

Além do possível risco hereditário, certos fatores de aprendizagem e ambientais coincidem com o desenvolvimento de sintomas ansiosos clinicamente significativos. A morte de um parente, alguma doença, mudança de casa /de cidade ou de emprego.

Quais são as reações – físicas e psicológicas – durante uma crise de ansiedade?

– Recusa escolas: presente em jovens com Transtornos de Ansiedade de Separação, de Ansiedade Social, de Ansiedade Generalizada.

–  Isolamento Social: Comum em quadros de Ansiedade Social e Agorafobia.

– Depressão: a presença de um Transtorno de Ansiedade aumenta a chance do desenvolvimento de quadros depressivos.

– Abuso de Substancias:  pode recorrer a substancias que reduzam a ansiedade (como o álcool, por exemplo), principalmente em situações que causem desconforto com exposição social. O abuso de álcool pode levar ao vício e a malefícios relacionados.

– Doenças não psiquiátricas: coexistência de quadros ansiosos com várias doenças não psiquiátricas, como doenças da tireoide hipoglicemia e doenças gastrointestinais.

Como agir durante uma crise do transtorno? Tanto do ponto de vista daquele que está sofrendo quanto de quem conhece pessoas próximas que sofrem disso?

Durante a crise de ansiedade:

– Ter pensamentos mais assertivos, dando menos importância para os sintomas que causam o mal estar. Por exemplo; eu não estou enfartando, estou angustiado e dando proporção exagerada para o que está acontecendo.

–  Aplicar a técnica conhecida como respiração diafragmática. Onde melhorará a oxigenação e ocorrerá certo relaxamento.

As pessoas próximas devem se apresentar calmas e passar tranquilidade, informando que o que está ocorrendo é da sua mente e que se conseguir desfocar os pensamentos conseguira melhorar os sintomas. Caso os sintomas persistam sem haver qualquer diminuição deve procurar ajuda médica.

Como tratar o transtorno?

Os tratamentos baseados em evidencias cientificas incluem a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e se necessário tratamento medicamentoso com os inibidores seletivos de receptação da serotonina (ISRS). Tida como consenso clínicos pesquisadores considera-se a TCC como a primeira escolha terapêutica para pessoas com sintomas ansiosos leves ou moderados. Em casos mais graves, com comprometimento significativo de atividades diárias, ou ainda em situações em que a resposta a TCC tenha sido insuficiente, opta-se conjuntamente com o tratamento medicamentoso á TCC.

Terapia Cognitivo-Comportamental Embora as psicoterapias psicodinâmicas sejam geralmente aceitas como abordagem de tratamento para ansiosos, em grande parte pela descrição de casos não controlados, a TCC é o único tratamento não medicamentoso que tem sólido embasamento cientifico, o que a torna o tratamento psicoterápico de escolha para transtornos de Ansiedade

A terapia comportamental objetiva a mudança de comportamentos. Reduz por conseguinte pensamentos e sentimentos que causam angustia/ansiedade. A terapia cognitiva visa, inicialmente, a mudança no comportamento ocorrem como consequência a mudança de pensamentos e sentimentos.

A TCC é uma abordagem integrativa que parte do princípio que tanto os processos cognitivos quanto os comportamentais podem causar e manter a ansiedade. Dificuldades comportamentais e outros sintomas dos transtornos são frequentemente resultados de interações disfuncionais entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. A TCC, técnica psicoterápica que reúne maior número de evidências em termos de eficácia, pode ser aplicada tanto individualmente como em Grupo.

Existe possibilidade de zerar as crises?

APRENDA A SE OBSERVAR: “O que está acontecendo comigo? Estou sentindo o coração acelerado? Na minha rotina diária existe algo que motive isso? Algo novo aconteceu?” É preciso prestar atenção ao cotidiano, aos sentimentos e às sensações físicas.

DESAFIE SEUS PENSAMENTOS: “A forma como pensamos tem a ver com o que sentimos e como nos comportamos. Os pensamentos influenciam nosso desempenho e nossas respostas biológicas”. Um pensamento equilibrado melhora a sensação física e a capacidade de se fazer melhor as escolhas. Nem tudo o que se pensa é real. Quando a pessoa está ansiosa, vê as situações como ameaçadoras, o que a deixa vulnerável e com um comportamento retraído. É importante não confundir pensamentos com fatos.

MUDE SEU COMPORTAMENTO: quando está ansiosa, a pessoa costuma evitar situações ao invés de enfrentá-las. O melhor é lidar com a ansiedade gradativamente. “Se tem que falar para dez pessoas em público e acha que não vai conseguir, comece testando com apenas duas. Depois aumente para três ouvintes e assim por diante. Tem medo de cachorros? Assista um filme cujo tema seja este. Depois, passe perto de um animal que esteja preso. Um passo de cada vez”

APRENDA A RELAXAR: na presença da ansiedade, não dá para parar e pensar. Nestes momentos, o relaxamento e a respiração diminuem os sintomas físicos e se mostram grandes aliados para combatê-la.

Uma receita para relaxar é a respiração chamada de diafragmática, inspire o ar pela boca, conte até cinco, enchendo a parte de baixo do abdômen. Expire pela boca, lentamente, também contando até 10. Faça isso por dez minutos, todos os dias antes de dormir para treinar. Se sentir que a ansiedade está chegando, faça o exercício em qualquer lugar, até mesmo se estiver no trabalho.

DURMA BEM: cada um tem seu tempo ideal de sono e isso muda com a idade. Sete horas de sono de qualidade, normalmente, são suficientes para se sentir bem. Para se conseguir isso é bom preparar o quarto. O ideal é que esteja escuro, sem barulho ou ruído algum.

ALIMENTE-SE CORRETAMENTE: o ideal, é consumir frutas, verduras e sucos e evitar café, chá e chocolate, que são estimulantes e tendem a deixar a pessoa ainda mais ansiosa

FAÇA EXERCÍCIOS: escolha uma atividade que lhe dê prazer e procure fazê-la ao menos duas vezes por semana. O exercício físico aumenta a produção de endorfinas, que são hormônios que relaxam, aumentando a disposição física e mental.

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