Bullying

Muito se fala sobre o bullying, problema que afeta qualquer escola em algum grau. Porém, a compreensão que se tem a respeito do assunto é, em geral, muito rasa, o que impede o desenvolvimento de boas estratégias para lidar com a questão.

Entretanto, o combate ao bullying deve ser uma prioridade das instituições de ensino, pois as práticas de intimidação que constituem o “bullying” podem causar enormes danos a toda a comunidade escolar. Pensando em te ajudar a tornar a escola um ambiente mais saudável, preparamos esse artigo sobre o bullying: o que é, quais as causas, quais as consequências e como combatê-lo. Acompanhe nas escolas especialmente.

O que significa bullying

O termo bullying é uma palavra da língua inglesa, gerúndio do verbo “to bully”, que apesar de não ter uma tradução exata para o português, pode ser entendida com o sentido de “intimidar”, “ameaçar”, “maltratar” e “oprimir”. Desde meados da década de 1990 o termo tem sido usado para descrever agressões físicas ou psicológicas, intencionais e repetidas, praticadas por uma pessoa ou um grupo contra uma vítima que tem menos condições de se defender, em uma relação desigual de forças. Portanto, “bullying” pode ser entendido como qualquer comportamento que vise causar dor e angústia a outra pessoa sistematicamente, seja através de demonstrações de força física ou de modo a agir sobre o psicológico da vítima.

O que pode ser considerado bullying?

Diversas práticas podem ser usadas com intenção de maltratar uma vítima. Algumas agressões são mais evidentes, como xingamentos ou uso de violência física, por exemplo. Porém, outros fatores menos óbvios também podem provocar sofrimento intenso, e deve-se, portanto, estar atento a todas essas questões.

Veja alguns exemplos de práticas que devem ser entendidas como bullying:

  • Xingamentos
  • Apelidos ofensivos
  • Ameaças e intimidações
  • Discriminação de qualquer tipo
  • Isolamento social
  • Agressões físicas
  • Contato físico indesejado
  • Ataques on-line
  • Invenção de boatos
  • Humilhação pública
  • Roubo de objetos pessoais
  • Destruição de objetos pessoais

Além desses exemplos, qualquer intimidação sistemática que provoque sofrimento deve ser considerada um caso de bullying e deve ser combatida.

O bullying pode ocorrer nas escolas

É um problema que pode ocorrer em qualquer ambiente onde convivem pessoas. Por isso, há casos de bullying em ambientes de trabalho ou grupos de vizinhos, por exemplo. Porém, quando intimidações ocorrem no ambiente escolar, a instituição de ensino passa a ter responsabilidade e tem que agir para impedir qualquer violência. Crianças e jovens, ainda em fase de formação, são especialmente suscetíveis ao bullying. Fora isso, em um ambiente como uma escola, que reúne um grande grupo de jovens, é possível que diferenças entre os alunos dêem origem a práticas inaceitáveis de discriminação. Já existe uma lei antibullying no Brasil desde 2016. Ela prevê que as instituições de ensino tem o dever de promover campanhas de conscientização e desenvolver planos de ações para combater as intimidações no ambiente escolar. A legislação específica sobre o tema ressalta, ainda mais, a importância de combater o bullying.

O silêncio sobre o bullying O problema se torna ainda maior à medida em que muitos alunos que sofrem ou testemunham o bullying acabam por se calar, com medo de se tornarem as “próximas vítimas”. Assim, muitas agressões que deveriam ser repreendidas não chegam ao conhecimento da equipe da escola. Todavia, isso não justifica a omissão da instituição ao lidar com casos de intimidações sistemáticas. Cabe aos professores, coordenadores, psicólogos e diretores estar sempre atentos a qualquer problema entre os alunos para agir rapidamente em caso de necessidade.

Cyberbullying: quando o problema chega ao mundo virtual Em um grande número de casos a intimidação sistemática que começa no colégio chega ao ambiente virtual. Este é o chamado “cyberbullying”. Nesse caso, a escola praticamente deixa de ter controle sobre a situação, e o bullying pode se alastrar livremente. Isso porque na internet os agressores podem se valer do anonimato e ser ainda mais agressivos. Outro fator preocupante é o fato de que na internet os conteúdos ofensivos podem se propagar de maneira muito mais rápida e pouco rastreável, o que dificulta o trabalho da instituição de ensino na solução do problema. Desse modo, o trabalho de combate às intimidações precisa ser eficaz o suficiente para que agressões não cheguem à internet.

Causas do bullying

Não há uma única causa para casos de bullying. Porém, na maioria dos casos, alguns fatores psicológicos tanto do agressor quanto da vítima acabam desencadeando o problema. Muitas vezes os agressores são crianças ou jovens que vivem em um ambiente familiar onde há pouco respeito – o que os leva a reproduzir comportamentos violentos na escola. Além disso, há outras razões comuns que levam ao bullying.

– Alunos com notas mais altas, por exemplo, podem acabar sendo intimidados por colegas com desempenho acadêmico inferior que invejam as boas notas.

– Algumas crianças e jovens, por já terem sido vítimas de algum tipo de intimidação sistemática, tentam inverter a situação e colocar-se no papel de agressor para não sofrer mais.

– Estudantes com características físicas diferentes da maioria dos colegas ou diferenças sócio-culturais em relação ao restante da turma às vezes são discriminadas por esses motivos.

– A timidez e a dificuldade de relacionamento de algumas crianças pode torná-las mais vulneráveis ao bullying.

Em resumo, o bullying geralmente se estabelece onde há disputas e diferenças entre os estudantes, onde uns procuram se afirmar frente a outros, estabelecendo uma relação de opressor e oprimido. Assim, o importante é combater preconceitos, incentivar a cooperação e trabalhar para criar uma cultura de paz na escola.

Consequências

A prática de bullying é um problema que traz consequências negativas para todos. A instituição de ensino, as vítimas, as famílias e até mesmo os próprios agressores são prejudicados pela prática de intimidações sistemáticas. Além das sequelas psicológicas, as agressões podem provocar lesões e danos materiais – o que mostra o quão prejudicial pode ser o bullying.

Consequências para os alunos Intimidações sistemáticas podem produzir consequências imediatas e consequências a longo prazo nos alunos. Quando há brigas e agressões físicas é possível que ocorram lesões – desde arranhões até lesões permanentes. Casos de violência física também podem levar à destruição de objetos pessoais da vítima ou patrimônio da escola, o que acarreta danos materiais. Além disso, problemas do tipo frequentemente chegam à justiça, que pode determinar indenizações, por exemplo. Entretanto, as piores consequências para os alunos são as sequelas psicológicas causadas, que muitas vezes os acompanham pela vida toda. Vítimas de bullying podem desenvolver problemas de autoestima, fobias, depressão ou transtornos alimentares, por exemplo. Por outro lado, os agressores, se não forem devidamente acompanhados, podem vir a desenvolver comportamentos violentos e antissociais na vida adulta.

Consequências para a escola O ambiente escolar como um todo é prejudicado pela ocorrência de intimidações sistemáticas, pois ele se torna hostil e pouco convidativo quando está dominado pela violência entre os alunos. Esses casos, quando frequentes, podem tomar muito tempo da equipe da instituição de ensino. Quando se tem que apartar episódios de violência a todo momento, fica difícil pensar em melhorar a qualidade da educação e outras questões importantes podem acabar ficando de lado. Além disso, a escola têm responsabilidades para com seus alunos e deve garantir a integridade e o bem-estar dos mesmos. Assim, uma escola pode ser até mesmo responsabilizada judicialmente por problemas relacionados ao bullying entre alunos, o que com certeza mancha muito o nome da instituição.

Como identificar casos de bullying

Já explicamos que muitos casos sequer chegam ao conhecimento da direção da escola, pois alunos costumam silenciar esse tipo de problema. Por outras vezes, agressões podem ser “camufladas” e justificadas como simples brincadeiras, o que não diminui a gravidade das mesmas. Assim, é preciso que a instituição de ensino aprenda a identificar o bullying por conta própria, observando alguns sinais que podem indicar problemas.

Uma vítima de bullying pode apresentar os seguintes sinais:

  • Tristeza e apatia
  • Medo de ir à escola
  • Faltas frequentes
  • Isolamento social na turma de colegas
  • Queda no desempenho escolar
  • Mudança de hábitos sem explicação aparente

Por outro lado, agressores são, em geral, pessoas que costumam agir violentamente com colegas e professores e que tentam se colocar em posição de superioridade em relação ao grupo. Ao identificar esses sinais em vítimas ou agressores, a escola precisa averiguar a situação, a fim de compreender se realmente se trata de um caso de bullying que deve ser tratado.

Ferramentas para identificar casos de bullying na escola; Além do trabalho de observação para identificar possíveis casos de bullying na escola, a instituição pode utilizar alguns instrumentos que ajudam a identificar problemas de intimidações sistemáticas. Um meio que a escola pode utilizar para identificar situações de bullying é a criação de um canal de denúncias. Esse canal pode ser um formulário em um site, por exemplo, um e-mail específico para essa finalidade ou até mesmo um local na escola em que os membros da comunidade possam deixar por escrito as suas denúncias. Nesse caso, é interessante adotar um formulário de comunicação de caso de bullying, o que facilita a identificação e a análise de cada situação. A escola também pode realizar pesquisas periódicas com os alunos para entender como o problema afeta a instituição. Nesse caso é preciso definir uma periodicidade e, a partir de então, distribuir (seja digitalmente ou fisicamente) um formulário com perguntas sobre o bullying. A partir da análise das respostas, o gestor certamente encontrará pistas que o ajudarão a identificar mais facilmente as agressões sistemáticas.

Razões para combater o bullying na escola

Já citamos as consequências negativas trazidas pela prática do bullying. Entretanto, aqui vale ressaltar: a escola não pode se omitir. É dever da instituição lutar para acabar com esse problema, já que ele prejudica a todos. Como se não bastasse, a escola tem legalmente a responsabilidade de zelar pelos alunos.

13 razões pelas quais se deve combater o bullying na escola constantemente:

  • 1 – O bullying torna o ambiente escolar hostil
  • 2 – O bullying exige atenção dos profissionais da instituição de ensino
  • 3 – O bullying prejudica o aprendizado
  • 4 – O bullying leva à evasão escolar
  • 5 – O bullying pode levar à consequências judiciais
  • 6 – O bullying pode causar prejuízos materiais
  • 7 – O bullying causa sequelas psicológicas
  • 8 – O bullying ameaça a integridade física do aluno
  • 9 – O bullying pode chegar ao ambiente virtual
  • 10 – O bullying atrapalha a formação dos alunos como cidadãos
  • 11 – O bullying pode prejudicar a saúde da vítima
  • 12 – O bullying pode levar à morte
  • 13 – O bullying prejudica a comunidade escolar como um todo

Como pode ver, há motivos de sobra para combater o bullying na escola. Nesse contexto, cabe a cada gestor escola elaborar estratégias de prevenção desse problema.

Responsabilidade das escolas Como mencionamos, as escolas têm a responsabilidade de manter a integridade de seus alunos. E essa não é apenas uma responsabilidade implícita, isso é o que dispõe a legislação. Ou seja: quando o bullying na escola causa danos, a própria instituição pode ser responsabilizada, já que considera-se que ela foi negligente e falhou em seu dever de vigilância. Essa é mais uma razão pela qual deve-se entender que o bullying não é algo normal, corriqueiro ou tolerável, e que também não é apenas um problema “entre colegas”. Como dissemos, cada caso de bullying representa uma falha no trabalho da escola, que torna-se também responsável por danos. Em algumas situações, essa responsabilidade pode ser cobrada judicialmente e a escola pode ter que enfrentar processos.

Como prevenir e combater

A conscientização e a criação de um ambiente positivo na escola são as melhores maneiras de prevenir problemas. Porém, quando casos de bullying já estão acontecendo, a rápida ação da escola, a adoção de medidas de punição adequadas e o diálogo com as famílias de vítimas e agressores são recursos fundamentais para resolver o problema. É dever da escola, portanto, montar uma estrutura que permita o combate permanente aos casos de intimidações. Vale criar programas e ações pontuais (como palestras) para conscientizar sobre o problema. Fora isso, também é importante manter os pais sempre a par da vida escolar dos filhos, pois o contato próximo entre escolas e famílias é um dos melhores meios de identificar qualquer problema. Em resumo, é preciso melhorar a comunicação escolar e investir na prevenção do bullying.

Ações para combater o bullying Programas e ações pontuais podem ser criados para conscientizar sobre o bullying. Veja alguns exemplos do que você pode fazer:

  • Palestras com professores e orientadores;
  • Peça teatral para conscientizar os alunos;
  • Utilização de jogos e atividades lúdicas que estimulem a cooperação;
  • Distribuição de mensagens de conscientização sobre o problema;
  • Fixação de cartazes alertando estimulando a denúncia de qualquer agressão;
  • Envio de comunicados às famílias conscientizando e alertando os pais a respeito de casos de violência que tenham ocorrido.

As escolas também, podem se basear em algumas campanhas antibullying que grandes companhias têm realizado. A Marvel, editora de histórias em quadrinhos, por exemplo, tem abordado a temática de combate ao bullying através de suas histórias de super-heróis. Já o Cartoon Network, canal de desenhos animados, criou uma campanha completa chamada “Chega de bullying”. Além disso, diversas ONGs têm proposto ações de combate ao bullying. A norte-americana “Stomp Out Bullying”, ONG mais conhecida a tratar da questão, propõe o “Dia da camisa azul” na primeira segunda-feira de outubro, que deve servir para conscientizar todos os membros da comunidade escolar quanto aos males da prática de intimidações. Inspire-se nessas ideias e comece a combater o bullying agora mesmo na sua instituição!

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